Eu costumo recomendar aos amigos que não venham a Paris no inverno, a não ser que eles já conheçam a cidade no verão. Na estação fria o turista perde o que eu considero a alma da cidade: seus espaços abertos, parques, arquitetura, monumentos, canais, rio, mesas na calçada, etc. Quem conhece a cidade só no inverno, não a conhece verdadeiramente. Mas estamos no inverno e é preciso encontrar lugares fechados e quentes para passar o tempo. Começo aqui uma sequência de 4 posts com os melhores cafés hipster da cidade. Por que essa definição “café hipster”? Por que é uma união de duas tendências em Paris nos últimos anos:
1) Estão surgindo lugares em que se pode beber café preparado por quem entende do assunto. Mesmo que “café” em Paris seja uma palavra que define mil coisas ao mesmo tempo (um café pode ser um restaurante, bar, boteco, lotérica, tabacaria, etc), a verdade é que, ironicamente, o café servido nos “cafés” de esquina são, em geral, muito ruins. Um expresso até vai, mas experimente pedir o “café crème” – uma espécie de equivalente francês ao capuccino italiano ou ao café com leite brasileiro – e prepare-se para um pesadelo. Ou seja, faltam lugares com “café gourmet”, preparado de verdade por baristas.
2) A hipsterização do norte de Paris. Mais especificamente a parte do 9ème arrondissement que vem sendo chamada de South Pigalle, com a abreviação SoPi (como o SoHo, NoHo ou NoLita, todos em Nova York). O assunto inclusive pautou este bom artigo do New York Times em novembro do ano passado e causou polêmica: estariam os hipsters arruinando a cidade? Na minha modesta opinião, não. Pelo contrário: apesar de toda a sua pretensão, os hipsters estão renovando uma cidade que estava velha demais em pelo menos um quesito: serviços de qualidade. Os hipsters estão trazendo, principalmente para rive droite (onde a cidade realmente fervilha), novas ideias para o comércio: dos food trucks aos cafés de qualidade e feitos para se trazer o seu MacBook, o seu bigode e a sua touca de lã e trabalhar uma tarde inteira.
O primeiro café hipster que eu apresento aqui é o Lomi, localizado em uma região do 18ème que já foi considerada a pior de Paris, por ser pobre e apresentar criminalidade acima da média. O bairro “La Goutte-D’Or” continua sendo relativamente pobre e caótico mas, assim como aconteceu com este tipo de bairro em várias cidades do mundo (Hackney em Londres, Williamsburg em Nova York), ele começa a ser invadido por jovens estudantes e artistas de vários países. O Lomi é o enclave hipster do bairro. Todas as tardes, hordas de jovens falando inglês e francês param por ali com seus computadores para beber um café late que cobra ao redor de 5 euros, um preço alto mas que vale cada centavo, porque é feito com torrefação artesanal e própria, além de muita técnica. Também é possível fazer um almoço light, com quiches e saladas. Na parte de trás do café, o Lomi é uma escola de baristas, oferecendo diversos cursos para quem quer se tornar um especialista em café.
Pontos altos: wifi rápido, bom para trabalhar, mesas grandes e poltronas, opções de comida.
Pontos fracos: fica meio longe do centro da cidade e não tem outras atrações ao redor.
Café Lomi
3ter rue Marcadet.
Metro Marcadet-Poissoniers (linhas 4 e 12).
75018 PARIS.
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