“Ela foi convencida pelas feministas”, diz herdeira de Simone de Beauvoir

“Ela foi convencida pelas feministas”, diz filha de Simone de Beauvoir

Os dois volumes com as memórias da escritora Simone de Beauvoir (1908 – 1986) estão chegando às livrarias francesas acompanhados por uma forte estratégia de divulgação. O conteúdo dos livros foi guardado por Sylvie le Bon de Beauvoir, filha adotiva da escritora e herdeira de sua obra que, em entrevista à revista Les Inrockuptibles do dia 16/5, falou sobre a vida e obra de Simone, que conheceu quando era estudante de filosofia, nos anos 60.

Segundo Sylvie, por cerca de 20 anos após a publicação do famoso livro “O Segundo Sexo” (1949), Simone não se considerava uma feminista. “Quando escreveu o livro, ela considerava as feministas grupos pequenos e muitos fechados em suas reivindicações políticas, algo que realmente não tinha importância”, disse Sylvie.

A mudança no posicionamento de Simone teria acontecido apenas nos anos 70, após ser “convencida” pelas militantes do momento pós-maio de 68:

“Estas jovens mulheres vieram lhe dizer que com ‘O Segundo Sexo’ ela teria dado esperanças de libertação para as mulheres quando ocorresse a passagem ao socialismo. Mas, na opinião delas, não se deveria esperar por essa passagem, elas deveriam se encarregar dessa libertação naquele momento mesmo. Simone foi convencida”.

A partir de 1971, ela se torna uma militante feminista, próxima ao movimento até o final da vida, mas sem deixar de ser crítica. “Por exemplo, ela ficava muito incomodada com o fato de as feministas negarem o prazer vaginal”, contou Sylvie.

A herdeira também diz que a reflexão sobre a condição da mulher veio somente em um segundo momento da vida de Simone. “Na sua vida pessoal, na juventude vivida nos anos 30 e 40, por uma sorte histórica, ela não sofreu por parte dos homens nenhuma tentativa de colocá-la em segundo plano. É depois da Guerra, em 1946, que ela toma consciência que ser uma mulher é uma dimensão essencial na vida”.

Os dois volumes com as memórias de Simone de Beauvoir tem 3.200 páginas, lançamento da editora Gallimard, como parte da célebre série de publicações “Bibliothèque de la Pléiade”.

Memórias de Simone de Beauvoir

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